quarta-feira, 30 de março de 2016

Aos Filhos das Mesmas Mães

Tempo esgotado.
Saimos da infância para entrar em queda livre
Só então vimos o quanto correr demais
Escurecera nossas vistas e enfraquecera nossas pernas.
Você me disse, com os olhos,
Que um dia poderíamos voltar e que nossos quartos estariam iguais,
Que nossas mães não teriam rugas nos rostos,
Que nossos pais não teriam as mãos machucadas,
Então perdi o medo,
Mas tive que calar o coração com álcool,
Pra suportar a estrada até lá.
E agora pegar os cacos de vidro que deixamos pra trás
Faz sangrar demais
Não porque fomos traídos, mas porque é seu papel no mundo.
Criamos cães que nos odeiam
Por tê-los esquecido, deixado na sarjeta.
Você não vê, agora, que não sabemos ler as placas
E entender os sinais de que estamos totalmente perdidos?
E você nunca vai pedir desculpas.
Mesmo engolido pelas sombras das máquinas dessa cidade,
Você não vai pedir desculpas.
Mesmo que se arrependa a cada segundo.
São tantas as pessoas sobre as pernas-de-pau do ego
Inflando como balões e chegando perto demais do Sol
E são tantas outras que enfiam a cabeça em sacos plásticos
Para não ter que ver o quanto dói existir;
E agora que nossas pernas estão fracas demais pra fugir,
Da escolha que temos que fazer
Precisamos de mais tempo.
E..
Saber que o tempo se esgotou..
Dói demais.



"Eu caminhei,
Não podia fazer nada além de caminhar
E então..
Me vi caminhando na frente de mim mesmo.
Cuidado com o vão da porta.
É uma realidade separada.
O único eu sou eu
Tem certeza

De que o único você é você?"

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