segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Até que o Sol desista

Vou perturbar as ruas, aos berros,
Clamarão sob meus pés, os insetos, por piedade?
Ou, espreitando no escuro pelo tempo em que cairei,
Arrancarão de mim os dentes e a pele?
A culpa é minha se nada ficou pra trás,
Vou desaprender a andar, prometo.
Vou desaparecer na neblina de uma manhã cinzenta.
Os nós que não consigo desatar queimam por meu corpo;
Agora sei que a culpa é minha,
É fim de mês, as cobranças aparecem..
"Me acorde cedo, quero ficar mal humorado."
"Me acorde e me enforque" - foi o que combinamos,
Em tais noites.. Finitas, de vistas embaçadas.
E tua ausência pela manhã me provocava arrepios estranhos.
Nossos filhos seriam abandonados em latas de lixo,
Seus pulmões estariam cheios de fumaça e sem forças.
Estava quase pra te alcançar, quando os pés falharam,
O mundo era tão cedo, e a vida comprida,
Quase não soube reconhecer o que o tempo destruiu.
A vida agora é tarde demais,
E o Sol nunca mais nascerá.
Perturbarei-o, aos berros, até que desista;
Que dê as costas como fizeram todos.
Na noite as cobranças se afastam,
Na noite os vermes cobiçam
Na noite os mortos se abraçam
Na noite, me enforco, sozinho.

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