segunda-feira, 4 de março de 2013

Tarde Demais para Dormir

É hora de me deitar.
Quando eu voltar, quando eu me aproximar,
Vai ser tarde demais..
Se sinto os poros trancados pela fumaça,
E gosto de sangue coagulado nas vias nasais,
E se as vistas escurecem.. Nada disso vai importar.
Passa da hora de ficar quieto.
Fito no espelho, meus olhos escuros.
Curvo, constato, não sou mais um garoto.
E o agarro pelos colarinhos,
Aquele que acabou de acender o primeiro cigarro de sua vida.
Cuspo em seu rosto e o amaldiçoo,
Porque meu passado é uma escultura de humilhações.
Um sobre o outro, empilham-se os fracassos,
Quando não suportar carregá-los, mais,
Tornarei-me um deles.
Os músculos de meu peito rompem-se aos poucos..
Isso traz um certo alívio;
Um cigarro para cada derrota diária - Era sua promessa.
E depois de um maço e meio,
E de um Sol nascendo sem vida no horizonte..
É tarde demais para me deitar.
Cuspo em meus pés:
-Filho da puta. Arrancou-me os dois pulmões.

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