terça-feira, 3 de julho de 2012

Derrotas

Me punam aqueles anjos,
Como a amanhecer febrio na cama
E eu os culparei por minha miséria.
Apunhalaram-me outros amigos,
E me roubaram as ânsias;
Sou só o que restou;
Compondo a mais horrenda das artes,
Onde viver é conduzir a existência através
De dores, arrependimento e neblina.
No aço reluziriam aqueles fins,
Como um sorriso torto, sarcástico
De um amor não correspondido,
Pálido e incurável.
E, como numa troca justa,
Cortejaríamos com ódio outras garotas
De malícia em olhos escuros,
Onde dançam alegorias nuas.
Conquistaríamos suas confianças,
Mas as perderíamos em meio à noite.
Fortes, porém piores que nós,
Aqueles que nos derrotam
Em trapaças baratas de mesas sujas
Estariam rindo como nunca antes.
E nós estariamos num canto do quarto,
Com um cigarro à queimar, sem tragar,
E mordendo os lábios até amputar.

"Malditos olhos daqueles anjos
Malditos olhos..."

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