quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Deus de Minhas Noites Solitárias

As cortinas se fecham nos horizontes.
Pelas ruas cheias de cadáveres, a angústia se arrasta, como um verme em meio aos vermes - Está nos olhos dos cães, nas faces sem vida, nos corpos pálidos e estirados.
Intenso e sincero, o frio da noite arde para além das portas trancadas de minha casa, até romper suas estruturas.
Um vazio repentino toma meus contornos, estraçalhando-os;
Seus cacos se espalham pelo chão, enquanto uma presença sorrateira percorre os corredores até chegar ao meu quarto.
Um espírito desgarrado de essência ou substância - Nascido do lodo imundo d'onde brota todo tipo de praga.
De dentro para fora, sua maldição se prostra sobre meu destino.
Minha alma reflete toda a miséria e o vazio de ser um humano.
Cada migalha de minha matéria toma sua forma; Sou agora a Sombra de seu Vazio, Reflexo de sua Ausênsia.
Suplicando alegrias maiores, ou alívio eterno, minhas mãos não existam em sufocar-me.
Como o desespero de um inseto insignificante, meus últimos suspiros se dão em inúteis apelos por piedade, ou paz.
Em minha cama solitária, meus lábios sangram, sentindo pela última vez, o amargo gosto da derrota.
As cortinas se fecham no horizonte.

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