domingo, 24 de abril de 2011

À Margem

Tudo que sobrou é o seu cadáver.
Você, no seu quarto, de noite;
Ansiando golpear a parede
Com a sua maldita face
Até ficar desfigurado para sempre;
Você, jogado à sarjeta,
Na beira da estrada
Se alimentando de lixo
A vida a meio-fio
Esquecido, solitário,
Banquete pras traças.
Na sua expressão, só medo.
As cicatrizes tomaram seu corpo,
Até o prazer da dor se foi.
Quer abrigo, quer possuir alguém
Mas tudo que restou é
Seu corpo num canto escuro,
Numa cidade vazia, com uma alma vazia.
É tudo de plástico; é tudo Irreal.
O que há em sua volta é artificial.
E você também é!
Seus olhos no espelho, sem foco, sem foco...
Não conseguem te enxergar...
Não vêem à um palmo do teu nariz.
Nada tem vida; Você não tem.
É incapaz de caminhar.
Fugir?! Lugar nenhum te abrange!
...O estalar dos seus ossos na madrugada,
Seu queixo batendo sem parar.
É o medo! Tocando a porta trancada de sua casa.
A insanidade veio te consumir,
O pavor te possui aos poucos,
A morte se aproxima.
Suas mãos tremem, o suor te escorre;
Aperte o gatilho.

Um comentário: