domingo, 26 de dezembro de 2010

O Amor Morava em Mim

Se meu pulmão está inflamado
A culpa é deste ar contaminado
Pela fumaça do ódio humano.
Meu sorriso se perdeu
Em algum canto deste quarto escuro.
Para onde correu o amor?
De que guerra fugiu?
Meu nobre coração está na estante,
Sangra, incessante, sangra.
Na inércia, não tende à parar...
E não vai.
O ter é a falta. O vazio é tudo.
Sei sentir, aprendi quando pequeno,
E desde cedo aprendi a solidão.
Meus pensamentos me guiaram através da neblina.
Nasceram os fantasmas. Libertaram-se os demônios.
Desejei colocar aço na minha cabeça,
À troco de que?
Ninguém tem paz, afinal!
Fui aprendendo com a vida, e os pensamentos...
Estes, nunca cessaram. Infernizando, atormentando.
Se tornaram o meu cárcere, minha pena.
Já os sentimentos... Pra onde foram?
O amor se esconde atrás desta cabeça amaldiçoada
Ou, de tão só, morreu meu coração?
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O eclipse aconteceu
Escuridão cobriu a lua
Minh'alma também morreu
Restou só a carne crua

Um comentário:

  1. Peguei no meu coração
    E pu-lo na minha mão
    Olhei-o como quem olha
    Grãos de areia ou uma folha.

    Olhei-o pávido e absorto
    Como quem sabe estar morto;

    Com a alma só comovida
    Do sonho e pouco da vida.

    (Dorme - Fernando Pessoa, 1913)

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