terça-feira, 25 de agosto de 2009

(In) Sanidade - Capítulo III

Entrando no quarto, ainda escuro, sentou-se ouvindo apenas os ruídos de brigas que se seguiam no quarto ao lado. Antes que pudesse fazer qualquer gesto, seus pais invadiram o quarto, já gritando, como uma faca que entrava em seus ouvidos.
Porém levantando-se disse bem baixo, como se não fosse seu desejo que eles o ouvissem:
"Vocês não se cansam? Não se cansam de ser macacos? Quando é que vocês vão aceitar a vida?"
E seu pai continuou o caos ensurdecedor: "Olhe aqui, garotinho, não tente ser melhor que nós, ok? Nós vivemos tudo que há pra viver e nós somos a voz da verdade."
"Quando sua verdade vocifera, tentando se impor a minha, a minha farsa me acolhe em seu seio."
Seguiu-se o golpe contra sua face e o amargor do sangue na boca.
Sem perdões ou razões, apenas a respiração ofegante - O garoto sorriu.

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